Encerramento do projeto reuniu mais de cem alunos no auditório do Sebrae-MS.
Campo Grande (MS) – Os estudantes de cinco escolas estaduais que participaram do projeto Controladoria na Escola comemoraram essa semana uma série de resultados positivos na comunidade local. Isso porque a ação desenvolvida despertou o olhar para a realidade escolar, fazendo com que os jovens melhorassem as condições de seus colégios com a compra de data shows, ares condicionados, melhoria de infraestrutura, tudo feito por meio do controle financeiro deles próprios, com apoio dos professores, diretores e servidores estaduais.
Desenvolvido pela Controladoria Geral do Estado (CGE) por meio da Ouvidoria-Geral do Estado (OGE), em parceria com as Secretaria de Estado de Educação (SED) e de Cultura e Cidadania (SECC), o Controladoria na Escola teve por objetivo fomentar a cidadania e o controle social entre os estudantes da Rede Estadual de Ensino. Participaram alunos das unidades José Antônio Pereira, Maestro Villa Lobos, Sebastião Santana de Oliveira, Carlos Henrique Schrader e Padre João Greiner.
Para a estudante Sara Rodrigues, 17 anos, as condições da escola melhoraram muito, além do interesse dos alunos pelas questões financeiras. “Foi um pouco difícil, mas agora já enxergamos o dinheiro de forma diferente. Nosso trabalho em conjunto, alunos, professores e direção foi fundamental para que pudéssemos promover a melhoria para nós mesmos. Até a maneira das pessoas verem o nosso colégio mudou e a gente mesmo, na forma de pensar a fiscalização do orçamento, inclusive, na nossa casa. Gostei muito. Espero que continue no próximo ano”, declarou.
Luana Beatriz de Oliveira Silva, 17 anos, contou que no início, achava que não daria muito certo os alunos participarem da fiscalização das ações da direção “Eu estou muito contente. No começo a gente achou a ideia boa, mas não imaginávamos que iria dar tão certo. O nosso espaço está melhor. Tínhamos um terreno baldio ao lado da escola com foco de dengue, doenças, até moradores de rua. Nossas ações junto à associação de moradores e o Poder Público, dono do terreno, fez com que o local fosse limpo. Agora temos planos para o ano que vem, de economizar e promover ações para arrecadar recursos e colocar ar condicionado em todas as salas todas”, revelou.
Poder público
O controlador-geral do Estado, Carlos Eduardo Girão de Arruda, pontuou que o projeto nasceu no Conselho Nacional de Controle Interno, que congrega as controladorias de todo Brasil. A CGE do Distrito Federal foi a pioneira no Brasil e auxiliou a implantação no Mato Grosso do Sul.
“Os meninos desenvolveram esse trabalho, nós detectamos a potencialidade e esperamos no ano que vem construir um projeto ainda maior. O objetivo é fazer com que esses jovens enxerguem que há uma premiação em se mobilizar e cuidar do patrimônio público, que é de todo mundo. Além disso, é uma forma de incentivar o controle social, adultos mais comprometidos com a sociedade. A união de todos faz a força e nós queremos no futuro, cidadãos que sejam mais cientes e ciosos do patrimônio público, conscientes de seus direitos e também dos deveres”, afirmou Girão.
A ouvidora, Renata Lara Diniz Brandão, ficou muito contente com o entusiasmo dos jovens durante a reunião de encerramento. O evento foi realizado no auditório do Sebrae, em Campo Grande, e contou com a participação de mais de 100 estudantes. “Quando trabalhamos com a ponta, que é quem vive a situação, vemos que a mobilização é mais intensa. Nós somos um órgão que faz a ponte entre governo e sociedade, então unindo forças o trabalho rende mais. Como servidores públicos, temos que ajudar a melhorar a nossa sociedade, formando multiplicadores e pessoas que exerçam de fato o controle social”.
Conforme a gerente de ensino médio da SED, Marcia Wilhems, a parceria foi a primeira iniciativa entre os órgãos da gestão estadual, mas que há previsão de ser estendida. “A proposta trabalhada vai ao encontro de tudo o que a gente pretende formar no estudante ao longo da educação básica. Esse olhar, essa observação, criticidade, e ainda a proposta de intervenção. Observando onde moramos, onde vivemos, para então melhorar o que é possível. Foi um trabalho muito produtivo, de êxito, que ficou evidente pela reação das pessoas que se envolveram”.
A técnica em sociologia da SED, Andreia Gois, acompanhou o projeto de perto, desenvolvendo ações com os jovens nas escolas. “No começo foi difícil por conta da resistência ao sair da zona de conforto. Mas ao longo da ação, vimos a mudança de pensamento dos próprios alunos. Isso é muito importante. Surte efeito, faz a diferença naquela comunidade, naquela escola. A partir desse desenvolvimento de consciência mais crítica, participação cidadã, conseguirmos promover o crescimento desses jovens como cidadãos conscientes”.
O servidor da Ouvidoria, Reinaldo Martins Feitosa, citou como exemplo o trabalho realizado na escola Carlos Henrique Schrader. “Os alunos se mobilizaram. Eles já tinham um jornal com reportagens, fizeram um vídeo que ficou bem bacana, e se uniram com associação dos moradores e por meio de ofícios conseguiram que o Poder Público fizesse a limpeza de um terreno grande, ao lado da escola, que tinha muita sujeira e mato alto. Fizeram jornalzinho impresso. Houve mobilização de todos. Em outra escola compraram data show para todas as salas de aula e teve escola ainda que conseguiu se mobilizar para climatizar, por meio de aparelhos de ar condicionado, todas as salas. É muito gratificante ver os resultados e a melhoria na qualidade de vida dos envolvidos”.
Texto e fotos: Diana Gaúna – Controladoria-Geral do Estado (CGE)